A Rota do Chá no Brasil – o dia no Sítio Shimada

by - sexta-feira, janeiro 12, 2024


 

Como este é o terceiro post sobre as nossas visitas aos chazais da Rota do Chá, a dúvida que comumente surge é: se todos os locais visitados são de produtores de chá, não seria repetir a mesma proposta ou a vivência em três dias?


Respondo e tenho certeza de que todos já participaram da Rota do Chá diriam o mesmo: Não! Não são iguais; são três dias de experiências únicas, totalmente diferentes entre si, que resultam uma incrível imersão às origens, à história e à produção do chá brasileiro.


A programação do último dia da Rota do Chá foi bem diferente das demais visitas porque além da oportunidade do contato com a produção do Sítio Shimada foi também o momento da confraternização final e despedida de Registro. Momentos inesquecíveis de grande alegria, registrados na memória de todos nós, participantes da 7ª. Rota do Chá.


A trajetória do Sítio Shimada


O cultivo e a produção de chá no Vale da Ribeira, estado de São Paulo, pelos integrantes da família Shimada, remonta aos anos de 1924 e a sua atuação neste setor é similar a todas as demais famílias de imigrantes japoneses que ali se instalaram e participaram ativamente do crescimento de produção de chá no Brasil até o século XX.


Com o advento da crise do chá, os produtores tiveram que abandonar a atividade para buscar alternativas de renda e pouquíssimas famílias ali permaneceram. Este foi o caso da família Shimada, que ao invés de abandonar o chazal, reformulou o seu caminho no novo cenário econômico, reestruturando o seu modo de produção.


A grande responsável por esta nova fase foi Ume Shimada, a matriarca da família e “pivô” da nova trajetória do Sitio Shimada que teve início em 2004, com a recuperação do chazal, na sequência, com a produção de chá artesanal e, dez anos após, Ume Shimada, então com 87 anos, inaugura a Fábrica Artesanal de Chá Preto do Sítio Shimada.


Árvores de lichia a caminho do chazal 


Ao chegarmos no Sítio Shimada, fomos recebidos por Terezinha, mestre de chá e responsável pela produção do chá no Sítio, e por Samira, que atua na área de atendimento ao cliente e vendas, respectivamente, filha e neta de Ume Shimada. Enquanto nos preparávamos para ir ao chazal, Terezinha nos deu uma breve introdução sobre a história e o desenvolvimento do Sítio Shimada ao longo de várias décadas.


Convidados a visitar o chazal, nos dirigimos então, à parte posterior da residência, onde se localizam as áreas de produção do chá e após uma curta caminhada chegamos à cerca que delimita a área de plantio do Sítio.


Primeiro, a plantação de lichia. Inúmeras árvores antigas, de porte médio, enfileiradas, majestosas, com troncos levemente retorcidos, crescendo em todas as direções, mas formando um conjunto de grande harmonia. Seguimos então, por uma alameda de lichias nos levaria ao chazal. Para mim que nunca havia visto uma plantação de lichia, ao caminhar por aquela alameda, tive uma sensação incrível, mágica, como se as árvores estivessem nos dando boas-vindas antes de nos conduzir ao chazal.


O chazal e a fábrica de chá


No chazal, a proposta da Rota foi a colheita somente os brotos de chá, os quais deveriam ser levados para casa e após 10 dias de cuidado, para o murchamento e secagem, resultaria o nosso chá branco, produzido totalmente por cada um de nós, participantes da Rota. Uma grande honra, não é? E agora, escrevendo este post, devo dizer que o meu chá colhido no Sítio Shimada, ficou muito saboroso!


Depois da colheita e da alegria de estar em outro chazal brasileiro, fomos à fábrica, onde Terezinha nos falou sobre cada etapa do processo de produção do Sítio Shimada: murchamento, vaporização, enrolamento, secagem e defumação.


Dos brotos e folhas colhidos manualmente, a família Shimada produz os chás especiais - o verde, o preto, o branco e o preto defumado - totalmente artesanais e orgânicos. O sabor único e marcante de cada um destes chás tem conquistado um público cada vez maior e premiações, como a Medalha Prata concedida ao Chá Preto Artesanal Sítio Shimada no Concurso Brasileiro de Chá de 2023.


Confraternização e despedida


Após o delicioso almoço no Sítio, o período da tarde foi dedicado a atividades em grupo, com a degustação e o exercício de identificação das características sensoriais de diferentes chás, inclusive, com premiações para os grupos vencedores das respostas.


Após toda essa confraternização, o momento de grande emoção, no qual cada participantes da Rota teve a oportunidade de conhecer e conversar um pouquinho com D. Ume Shimada. Ela é uma pessoa realmente singular, muito presente apesar da idade e incrivelmente carismática! Uma honra conhecê-la e como lembrança desse momento, D. Ume assinou para cada um dos participantes um pequeno quadro com a folha da Camellia sinensis colhida no Sítio Shimada.


Mais algumas atividades, sorteio de brindes, a entrega do certificado de participação e por fim, a despedida do Sítio Shimada e, também, da Rota do Chá. Não preciso nem dizer quanta emoção rolou em cada despedida, não é?


O que falta dizer


Certamente ainda falta muito o que contar sobre as nossas visitas, mas não posso deixar de dizer que a Rota do Chá em Registro é uma viagem única e imperdível, tanto para os iniciantes no tema chá, como para os amantes e apreciadores de chá e para aqueles que já atuam ou pretendem atuar na área de chá.


É uma experiência incrível, cheia de descobertas, aprendizados e conhecimento em todos os sentidos: pessoal, profissional e social. Pessoal, porque nos tira do dia a dia, colocando-nos em situações nunca vivenciadas; profissional porque nos dá a oportunidade de aprender e conviver com atividades e áreas do conhecimento diferentes do nosso cotidiano e, social porque nos permite conviver intensamente, com diversas pessoas e formar nesse curto espaço de tempo de 4 dias, laços de amizade muito incríveis.


As diferenças entre as áreas produtivas da Rota do Chá são muitas: o tamanho do chazal, o modo de produção, o produto resultante, entre outros. E o fator comum entre estes produtores continua sendo o mesmo, desde a chegada de seus ancestrais à região: o respeito e a preservação das origens e do chá.


E, foi nesse ambiente cheio de unidade e diversidades que todos nós, participantes da 7ª Rota do Chá, tivemos o privilégio e o prazer de conviver com a história e o resultado do trabalho de várias gerações de produtores de chá no Brasil.


Veja também os posts sobre a Rota do Chá:

A Rota do Chá no Brasil

A Rota do Chá no Brasil – o dia na Amaya Chás

A Rota do Chá no Brasil - o dia no Sítio Yamamaru

 

A 8ª Rota do Chá em 2024 já tem data marcada. Vejam abaixo!


A próxima Rota do Chá – a 8ª. Edição – já está com data marcada. Acontecerá nos dias 07 a 10 de novembro de 2024.


Não percam essa oportunidade única de participar deste evento. Não há o que se arrepender, pois tudo é muito organizado, agradável e extremamente enriquecedor. Digo de experiência própria, pois quando termina a rota, dá vontade de começar tudo de novo!


E, muitos participantes realmente retornam no ano seguinte, e no seguinte e no seguinte...


Veja no link Infusorina, as informações para a 8ª. Rota do Chá – a Rota do Chá Brasileiro e garanta logo a sua vaga!



Fotos: No chazal do Sítio Shimada  / Plantação de lichia / Colhendo brotos no chazal / Entrega do certificado de participação da Rota - à esquerda, Yuri Hayashi, da Escola de Chá Embahú e à direita, Renata Acácia, da Infusorina, respectivamente, criadora e organizadora da Rota do Chá.


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