A Rota do Chá no Brasil – o dia na Amaya Chás

by - quarta-feira, novembro 29, 2023

 




O primeiro dia de atividades da Rota do Chá foi, efetivamente, uma verdadeira amostra do que seria a nossa viagem ao universo do chá brasileiro:  intenso de experiências, aprendizados, vivências e convivências, tudo isso, em meio a muitas surpresas, emoções e deslumbramentos em cada local visitado. 


Como é de praxe em todas as edições da Rota do Chá, o primeiro momento deste dia é dedicado à Cerimônia de Abertura do evento. A cada ano, a temática deste cerimonial é diferente, mas o objetivo é único: promover a comunhão entre os participantes por meio do chá.


Neste ano de 2023, o tema da abertura foi “Desprendimento”, sentimento exercitado e meditado por todos os participantes por meio da cerimônia taiwanesa Wu-Wo, realizada no Bosque Torazo Okamoto em Registro. A ausência de qualquer restrição, distinção ou classificação aos participantes é um dos princípios básicos da Cerimônia Wu-Wo, que tem por objetivo “desenvolver uma atitude tolerante e cultivar a cooperação e a ponderação para com os outros enquanto compartilha um copo de chá reconfortante”.


Depois desse momento mágico, logo nas primeiras horas da manhã, partimos para o chazal da Amaya Chás.


A Amaya Chás  

A história da Amaya Chás se integra à própria história do chá no Brasil. Das primeiras décadas do século XX aos dias de hoje, um século já se passou desde a chegada da família Amaya ao Brasil em 1919, iniciando em 1930, a sua atividade no segmento do chá.


Nesse período, três gerações da família construíram o legado da Amaya Chás no Vale da Ribeira, ora em períodos áureos de intensa produção, ora em anos difíceis de grandes dificuldades produtivas.  Persistentes e determinados ao longo dessa trajetória, a Amaya Chás foi a única indústria que resistiu à crise do chá no Brasil e hoje, a sua marca se distingue entre os melhores chás brasileiros.


E foi nesse contexto centenário da família Amaya - de história, de plantio e de produção do chá - , que iniciamos a nosso dia de vivência da Rota do Chá.


A unidade de produção de chá


O primeiro ponto da visita foi à unidade de produção, onde fomos recebidos por Riogo Amaya, mestre de chá e responsável pelo controle e qualidade de processamento do chá na Amaya Chás. Antes de entrarmos na fábrica, Riogo nos falou sobre as etapas percorridas pelas folhas de chá, da chegada do campo à indústria até a obtenção do produto para embalagem.


Riogo nos contou também sobre as melhorias efetuadas na unidade fabril, desde o primeiro galpão ao atual e, especialmente, sobre a implementação de uma nova técnica de processamento por ele idealizada e a adequação necessária do equipamento, que resultou uma expressiva redução do tempo de processamento das folhas de chá - de 4 horas para 30 minutos. Este projeto inovador de Riogo Amaya conquistou, em 2015, um dos prêmios mais significativos na área da Agricultura brasileira - o Prêmio Kiyoshi Yamamoto.


Depois desse relato de criatividade e perseverança em torno de uma ideia pioneira, entramos na fábrica. E, que emoção!


O cheiro do chá que paira no ar, o barulho dos equipamentos, a atmosfera úmida do lugar, o movimento das folhas ... sensações diversas nos envolvem ao longo de todo o trajeto percorrido ao lado das esteiras, em cada etapa de produção. Um processo que eu, até então, só conhecia por meio dos livros. Observá-lo ao vivo, é algo realmente fascinante!


Aqui, tivemos oportunidade de acompanhar todas as etapas do processamento das folhas para a produção de um chá verde, desde o murchamento, passando pela vaporização, quebra, secagem e separação granulométrica simultânea por peneiras.


E, para terminar nossa visita à fábrica, um momento de aprendizado único com o mestre Riogo, no qual praticamos com ele, a degustação de chás da maneira como é normalmente realizada a cada lote de produção.


A primeira residência da família Amaya


Próxima à unidade fabril, visitamos na sequência, a primeira residência da família Amaya, construída por Shutekishi Amaya, quando se instalou em Registro, junto com a esposa Nao Amaya e os três filhos Antonio, Jorge e Hélio Amaya.


Uma casa simples, de madeira, com dois pisos, bastante confortável para os moldes da época, com uma divisão interior singular em face da adaptação de alguns elementos da arquitetura japonesa e com detalhes construtivos e de interior muito bem elaborados, especialmente em carpintaria.


Nos anos de 1970, a família transferiu-se para a nova residência com uma arquitetura mais moderna, erguida nas proximidades da primeira casa, à beira do lago artificial que também foi construído pela primeira geração dos Amaya, para a irrigação da lavoura e criação de peixes para consumo próprio.


Ao longo dos anos seguintes, a primeira moradia continuou sendo cuidada e preservada pelos próprios familiares e, em 2013, foi tombada pelo IPHAN — Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como um Bem Cultural da Imigração Japonesa no Vale do Ribeira.


A visita ao chazal Amaya



Ah, um chazal! Nos livros e vídeos já é interessante, ao vivo então, é muuito mais! É uma atmosfera e uma energia única: carreiras e carreiras de arbustos de chá, integrados à natureza local. 


Entrei no chazal, percorrendo os caminhos delineados entre as plantas de chá e não resisti à vontade de vivenciar este momento de todas as maneiras possíveis: tocar nas folhas, colher um brotinho, amassar a folha, cheirá-la e experimentar o seu sabor na palma da mão e, simplesmente ficar ali parada, apreciando aquele imenso jardim de chá, buscando registrá-lo de maneira permanente, em minha memória.


E, para terminar essa etapa da visita, uma nova surpresa: cada participante plantou a sua muda de chá, ali mesmo junto à plantação, em um lote especialmente reservado para a Rota. Uma atividade muito incrível, que como em todas as rotas anteriores, marca a presença de todos os que ali estiveram na Amaya Chás. Emocionante! Jamais imaginei que, algum dia, plantaria uma muda de Camellia sinensis em um chazal!


Outra residência Amaya e a surpresa final


Da fazenda de chá partimos para conhecer a outra residência, também tombada pelo IPHAN, construída por imigrantes japoneses e, posteriormente, adquirida pela família Amaya. Na área externa da casa, fomos recepcionados com um delicioso chá da tarde, acompanhado de inúmeros quitudes, muitos destes produzidos com o chá verde Amaya.


De repente, apareceu um bolo de aniversário, com velas, cantoria e tudo mais de direito... o "parabéns" era em comemoração dos 10 anos da Escola de Chá Embahú, fundada por Yuri Hayashi, a idealizadora e criadora da Rota do Chá, um evento hoje organizado pela empresa Infusorina, sob a batuta de Renata Acácia.


Obrigada a todos da família Amaya, que com tanta alegria e carinho, nos abriram as portas de sua propriedade para nos proporcionar momentos e experiências tão inesquecíveis.


A surpresa final foi a visita ao jardim de chá onde foram plantadas as primeiras mudas trazidas do Sri Lanka (antigo Ceilão) por Torazo Okamoto, em 1935. Neste pequeno espaço histórico, terminamos o nosso dia, caminhando entre as quase seculares mudas de chá - o marco de toda a trajetória do chá no Vale da Ribeira e no Brasil.


Veja também o post: A Rota do Chá no Brasil

Em breve, publicaremos os posts seguintes da Rota do Chá no Brasil: a visita ao Sítio Yamamaru e ao Sítio Shimada. Aguardem!


A 8ª Rota do Chá em 2024 já tem data marcada. Vejam abaixo!


A próxima Rota do Chá – a 8ª. Edição – já está com data marcada. Acontecerá nos dias 07 a 10 de novembro de 2024.


Não percam essa oportunidade única de participar deste evento. Não há o que se arrepender, pois tudo é muito organizado, agradável e extremamente enriquecedor. Digo de experiência própria, pois quando termina a rota, dá vontade de começar tudo de novo!


E, muitos participantes realmente retornam no ano seguinte, e no seguinte e no seguinte...


Veja aqui, no link infusorina, as informações para a 8ª. Rota do Chá – a Rota do Chá Brasileiro e garanta logo a sua vaga.



Fotos: Preparação para a Cerimônia de Abertura no Bosque Torazo Okamoto em Registro / Riogo Amaya na degustação de chás na fábrica / Chazal Amaya


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