O plantio e a colheita dos chás especiais
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Chás especiais da Camellia sinensis
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Nativa da região Nordeste da Índia e Sul da China, a Camellia sinensis, mais conhecida no tamanho de arbusto, pode se tornar uma árvore de até 15 metros de altura. E, em se tratando de uma planta utilizada como medicamento há milhares de anos na China, exemplares seculares destas árvores ainda podem ser encontrados em algumas localidades.
Atualmente, as plantas utilizadas para a produção de qualquer chá especial são variedades cultivadas, ou seja, mudas obtidas por meio de estaquia, em viveiros especializados. Esta técnica permite a clonagem de plantas que produzem bem e resistem a determinadas adversidades climáticas, pragas e doenças.
Além disso, os cultivares permitem uma plantação homogênea não só em características agronômicas como também em desenvolvimento específico de aspectos nutricionais da planta.
As condições de plantio
O cultivo da Camellia sinensis, assim como de todas as plantas desenvolvidas para a produção comercial, requer condições climáticas e de solo específicas para o desenvolvimento saudável e eficaz da planta. Estes fatores aliados à interferência do homem em todo o processo do cultivo resultam o chamado “terroir”.
Assim como na produção de vinhos, o “terroir” é um aspecto importante para o desenvolvimento das plantas e determinante para a produção dos princípios ativos e obtenção do perfil sensorial do chá.
As regiões subtropicais e as tropicais de altitude são as que oferecem condições mais propícias ao plantio e produção da Camellia sisnensis, as quais, de maneira geral, são as seguintes: temperaturas amenas, solo ricos em nutrientes e levemente ácidos, umidade e drenagem equilibradas e boa luminosidade na maior parte do dia.
O plantio do chá
As mudas são transferidas do viveiro para a plantação com cerca de 6 meses quando atingem uma altura de 15 a 20 cm. Após o plantio, as mudas crescem ao longo de 2 anos sem colheita e sem poda até se tornarem arbustos com aproximadamente 1,50 metros de altura. Nesta fase, são podados até uma altura de 30 cm e começam a crescer novamente, com podas constantes, até atingir a altura da cintura.
A primeira colheita dependerá do ritmo de crescimento do planta o qual está diretamente relacionado com as condições climáticas da plantação. As colheitas podem ser feitas ao longo de todo o ano porém, para os chás de melhor qualidade estas são realizadas na primavera e no outono. Já com relação à produtividade, as regiões com climas amenos e dias mais longos têm possibilidade de maior produção de brotos em relação às áreas de climas mais frios.
A colheita do chá
A colheita da Camellia sinensis pode manual ou mecanizada. A questão fundamental entre ambos os processos é com relação à qualidade do chá.
A matéria prima para um chá especial de alto valor no mercado, ou seja, de ótima qualidade, é derivada dos primeiros períodos de brotação com a colheita de apenas três elementos: o broto e duas folhas pequenas. Um resultado que só pode ser obtido por meio de colheita manual, o qual certamente exige maior tempo e quantidade de mão de obra.
No processo mecanizado, a colheita pode ser feita por meio de tesouras de mão ou de tratores e colheitadeiras especialmente adaptadas. Nestes métodos, o produto final chá será inferior ao de uma colheita manual, porque outras folhas e pequenos galhos serão inevitavelmente colhidos junto com os brotos.
Atualmente, a opção por uma colheita manual ou mecanizada depende não somente do tipo de chá que se deseja obter no produto final. Esta decisão está sujeita a uma série de outros fatores, tais como: a dimensão de produção, a disponibilidade de mão de obra, as condições de trabalho dos indivíduos na plantação e, a aquisição e o uso de equipamentos adequados.
Estes e outros aspectos inerentes à cadeia produtiva do chá têm sido amplamente discutidos em vários fóruns internacionais do chá, pois os rumos destas abordagens certamente irão determinar o futuro da produção e da qualidade dos chás especiais no mundo.
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