Pelo buraco da fechadura
Qual de nós, quando criança, não olhou, alguma vez, pelo buraco de uma fechadura?
O que nos movia? Sair da fronteira do possível rumo ao desconhecido? Ato proibido pelos adultos? Sim! E, quantas vezes, enquanto crianças, ultrapassamos os limites do certo e do errado, do bom e do ruim, do possível e do impossível, só para matar a curiosidade, viver uma aventura ou simplesmente, se jogar na emoção do ato.
Ah! Para mim, a curiosidade, às vezes, era algo quase incontrolável!
A ideia de fazer algo novo chegava, se alojava em minha mente que, aos poucos, ia arquitetando o que e como fazer; era uma ansiedade misturada a outras sensações, embaralhadas entre si, e toda essa emoção se ampliava cada vez mais, na medida em que o projeto se tornava realidade.
Ah... me lembro até hoje da sensação maravilhosa que eu sentia. Era sair do tédio, da mesmice, que hoje teimamos em chamar "zona de conforto", só para viver uma aventura de segundos.
E, por incrível que pareça, ao me lembrar dos detalhes de alguns desses momentos, que insistiram em ficar na minha memória, tenho a mesma sensação de euforia, como se estivesse planejando algo diferente, novo, inusitado e, incrivelmente prazeroso.
Infelizmente, no caminho de nos tornamos adultos, sem perceber, deixamos de exercitar o nosso "ser" curioso de criança.
Pouco a pouco, por falta de vontade, de curiosidade, de coragem, ou outra razão qualquer, não nos aventuramos mais a olhar, sequer, através de nossas próprias fechaduras. Aquelas ... do sonho, do desejo, da descoberta, da alegria, do amor, da emoção, entre tantas outras que, ao longo dos anos, trancamos em nossa vida.
Por quê? E, por que permanecem fechadas, se cada um de nós possui a sua própria chave e as portas podem ser abertas a qualquer momento?
Foto: LEEROY Agency / Pixabay
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